São Paulo vive uma onda de protestos, legítimos, cuja pauta é o
reajuste de valores no transporte público. Porém, vemos inconsistências e
contradições tanto por quem está à frente dos protestos quanto por parte do
(des)governo do Estado (desse já era de esperar).
Ora, o Estado fala em garantir mobilização democrática, mas põe a
tropa de choque na rua... Apenas reviu sua posição após jornalistas terem sido
feridos pela PM e isso ter gerado grande repercussão, inclusive
internacional (essa a mais importante para o Estado) pois enquanto eram os
protestantes os agredidos, o governo se recusava a mudar de posição. Aliás,
veio a público reafirmar que a repressão continuaria.
Como se não
bastasse, para aceitar a mobilização, determinou que o movimento estabeleça, ou
melhor, combine um roteiro preestabelecido com o governo.
Aiaiai, cadê democracia nisso? Se é movimento, se é protesto
contra o Estado, como "combinar" regras com o alvo do protesto???
O Estado, com isso, coloca o movimento como refém: "aqui
pode, aqui não pode"; "queremos garantir a mobilização, estamos
dispostos a tirar a tropa de choque da rua, mas vocês têm que colaborar";
"garantiremos a mobilização, mas se vocês invadirem a Paulista...".
Ou seja, tudo de acordo com o conceito de democracia de quem está no poder há
18 anos...
Se é movimento, se é democrático, não tem que combinar regras com
o opressor contra quem se luta! Não tem que estabelecer roteiro prévio. Se
aceitar fazer isso, então o movimento estará aceitando as regras do Estado e,
sendo assim, não tem porque existir. Ou luta contra seu opressor, de acordo com
as regras do próprio movimento, ou alia-se àquele, tornando-se assim, ilegítimo.
A rua é nossa! Então ocupemos as ruas para reivindicar e, se o
objetivo é esse, então o roteiro deve ser estabelecido apenas pelo movimento e
não combinado com o Estado.
Por outro lado, o movimento do passe livre apresenta
inconsistência ao afirmar que as mobilizações continuarão enquanto o preço da
passagem não baixar.
Oras, é movimento
pelo passe livre ou não? Se for, então as mobilizações não devem cessar. Isso
mesmo, devem ser permanentes até que se alcance seu objetivo: passe livre.
Ao colocar em pauta o aumento das tarifas e dizer que só irão
parar quando o reajuste for revisto, assemelha sua prática a do Estado,
procurando fazer deste refém e chantageando-o.
Ou é pelo passe livre ou não é. Se o Estado recuar e baixar os
preços, então o movimento pelo passe livre deixará de existir? Não mais fará
mobilizações?
Enfim, que
reflitamos sobre os acontecimentos recentes e o que está por trás dos mesmos,
pois, analisando a conjuntura atual, sabemos que o mais importante nisso tudo é
2014.
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